METODOLOGIA DE
APLICAÇÃO
Para participar da terapia, é preciso que a criança apresente pelo menos 10 palavras.
Preconiza-se que a intervenção conste de 27 sessões, com duração de 30 minutos cada uma, duas vezes por semana durante, aproximadamente, 3 meses. Destas, 24 sessões devem ser realizadas com a criança (intervenção) e três sessões devem ser voltadas especificamente para o treinamento dos pais/responsáveis com uma descrição e demonstração das estratégias que fazem parte do método. A ideia é que os pais reproduzam essas estratégias em casa, nas atividades cotidianas da criança.
ANTES DA INTERVENÇÃO (SESSÃO 1)
1 – Selecionar sons alvos
Para selecionar os sons a serem trabalhados deve-se aplicar protocolos de avaliação de fala utilizados na rotina.
Sugerimos o PEEPS-BR (Oliveira et. al, 2017, em elaboração).
1 – Selecione o primeiro som alvo que não está no inventário de consoantes da criança conforme verificado na avaliação;
2 – Se a criança se recusar a imitar palavras com o som escolhido por 4 sessões consecutivas, você pode optar por selecionar um novo som alvo sem domínio e retornar para o primeiro som em uma data posterior.
2 – Selecionar brinquedos
Durante a avaliação discuta com os pais sobre os brinquedos de preferência da criança.
Selecione brinquedos que são apropriados para diferentes brincadeiras.
Procure manter brinquedos duplicados (por exemplo, dois bebês, dois carros, duas bolas). Assim será possível aplicar as estratégias com maior eficiência.
As atividades da intervenção devem ser selecionadas enfatizando o som alvo, e as sacolas ou caixas devem conter materiais que promovam oportunidades para a criança praticar o uso do som alvo diversas vezes durante uma atividade do jogo.
Exemplo da montagem de uma sacola ou caixa:
Para o fonema alvo /b/ poderá incluir os seguintes brinquedos: Bebê, Bola, Boi, Boca, Balão, Bico, Bolacha, Barco, Banheira, Banho
Exemplo de uma brincadeira:
O Fonoaudiólogo diz: O BEBÊ e a BABÁ pegaram o BALÃO antes do jantar e depois comeram uma BOLACHA. A BABÁ colocou o BEBÊ na BANHEIRA e deu BANHO para ele dormir.
Com esta atividade, a criança terá várias oportunidades de produzir o som /b/ durante o contexto da brincadeira.
PRIMEIRA SESSÃO
1 – Estabelecer interação com a criança:
Um dos pais permanecerá na sala em todas as sessões. O papel dos pais depende do tipo de interação que eles demonstram ter com a criança.
Sempre relate aos pais, no início da sessão, o que será realizado e solicite que eles repitam essas atividades em casa.
Siga a liderança da criança e foque na construção de um envolvimento conjunto.
Cada sessão terá duração de 30 minutos.
Recomenda-se sempre usar um cronômetro para marcar o final dos “30” minutos.
Encurte a sessão caso necessário. Caso a criança “desanime” ou “perca o interesse” pela brincadeira, pause o cronômetro (dê um intervalo) e, então, reinicie até finalizar os 30 minutos.
2 – Dê aos pais devolutiva positiva após a sessão
Discuta os pontos fortes da criança (Ex.: ele participou durante os 30 minutos, ele tem boas habilidades para brincadeiras, ele se mostrou ansioso para imitar, etc).
Dê sugestões aos pais de como utilizar as estratégias em casa (ex.: seguir a condução da criança, usando palavras isoladas, repetindo o que a ela diz, etc). Encoraje os pais a modelar o som alvo.
MONITORAMENTO DA FALA E DA LINGUAGEM
Complete a ficha de Monitoramento do Uso do Som Alvo nas sessões de número 8 e 16. Para tanto faça gravação em vídeo ou somente em áudio dessas duas sessões.
Na ficha, coloque o número de vezes que a criança produziu correta e incorretamente o som alvo por imitação e espontaneamente.
Some as vezes que a criança emitiu o som alvo correta e incorretamente. Mude o som alvo, se ela o produziu corretamente e espontaneamente mais do que 50% das vezes. Caso contrário não mude o som alvo e repita o monitoramento na sessão 16.
TREINAMENTO DOS PAIS
Nas sessões 7, 13 e 19, os pais devem receber o treinamento referente ao método. Para tanto, você deverá demonstrar as estratégias com a criança e o pai/mãe ou o responsável fará o treinamento sob a sua supervisão. É importante exemplificar para os pais como incorporar o som alvo e as estratégias nas atividades diárias da criança, como por exemplo, durante o almoço, o banho, na troca de roupa.
REFERÊNCIAS
Scherer N, Yamashita RP, Fukushiro AP, Keske-Soares M, Oliveira DN, Ingram D, Williams L, Trindade IEK. Assessment of early phonological development in Brazilian Portuguese. In: “On under-reported monolingual child phonology”. Communication Disorders Across Languages (N. Müller & M. J. Ball, book series editors). Chapter 2. 2019.
Oliveira DN, Scherer N, Fukushiro AP, Yamashita RP, Keske-Soares M, Trindade IEK. O uso do teste PEEPS (Profiles of Early Expressive Phonological Skills) adaptado para o Português Brasileiro na avaliação precoce do desenvolvimento fonológico de crianças com fissura labiopalatina comparativamente a crianças sem fissura [tese em desenvolvimento]. Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, Bauru. 2017.